Pergunto-me se vale a pena. Se vale a pena esperar todos os dias pela noite como madrinha de todos os sonhos e desvios. Se vale a pena respirar fundo e enfrentar um mundo enorme que ainda que não me conheça acha que pode determinar para onde vou. Pergunto-me se tenho feito as coisas bem ou, simplesmente, tenho esperado que as soluções apareçam. Pergunto-me se mereço isto mas acabo sempre por aceitar o que a vida me dá. Acabo por esperar. Acabo por fazer parte de um tempo que não espera por mim. E acelero a minha vida. Vou sorrindo, encontrando o dia de amanhã que me preenche de uma felicidade oculta e aparentemente desonesta. Sem saber como nem por quê deixo o melhor para trás, deixo-me.
Deixo de perguntar, deixo de querer saber. Basta a dor da despedida, o desânimo no olhar e a carência que o corpo traz constantemente. Basta tanta coisa para explicar o descrédito no que poderá vir. Basta tanta coisa para explicar a manhã que nasce vazia.
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