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sábado, 29 de agosto de 2015


 O que somos nós se não aquilo que a vida faz de nós, aquilo que os momentos bons ou maus nos oferecem? O que somos nós, afinal, quando não sabemos fazer muito mais do que sobreviver a cada nova lufada de ar? E que seríamos se nenhuma memória nos pertencesse? Onde estaria agora... que relembro o que, um dia, existiu para me fazer sorrir? De que valeria todo o esforço, toda a felicidade momentânea que chegou a fazer da nossa memória uma memória especial?
 O verbo relembrar liberta-nos do peso dos dias, da angústia do amanhã e do vazio em que o presente se pode tornar. Relembrar algo confia-nos o que fomos ou possuímos. Relembrar mostra-nos que, de facto, a vida é um caminho nosso e que só depende de nós o que fazemos com cada memória retida dentro do ser humano que somos. Relembrar muda décadas de história: o que, um dia, foi mau poderá, hoje, fazer sentido. Lembra-nos onde começamos e onde pretendemos chegar. É bom para quem se perdeu pelo caminho. É bom para quem se esqueceu da pessoa que prometeu fazer crescer. Relembrar torna-se uma atitude imperativa para quem vive, atualmente, vagueando por aquilo que não existe ou que nunca foi feito para ser alcançado. 
  E é por isso que colecciono palavras: para que elas sempre existam para serem lidas. Para que, um dia, também elas sirvam para me relembrar de quem fui e do que construí. 

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