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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
Deixei o coração com a lua
Descobri que o meu coração sempre te pertenceu, tal como a lua me pertenceu num daqueles dias que coincidiam com o teu regresso. Sempre te dei todo o meu amor, sempre fiz mais para o teu bem do que propriamente para o meu. Ainda hoje penso mais em ti e da maneira como deves precisar de mim do que em mim mesma e da forma como tudo seria melhor sem ti. O problema está no facto de te amar, de sentir que sempre te pertenci de uma certa forma. O meu coração palpitava sempre que te via, o meu estômago quebrava e as borboletas transformavam o meu corpo. Dava-me vontade de dançar e fazer renascer a criança que tinha em mim. Engraçado como sempre tiveste esse dom: fazer-me viver intensamente cada momento que a vida nos deu! Mas como estava a dizer, o meu coração sempre te pertenceu, ele sempre te chamava à espera que viesses de maneira a quebrar aqueles momentos monótonos e inseguros que me invadiam. Nunca tive que fazer grandes esforços para adorar o teu sorriso e o teu olhar; o meu coração sempre foi o grande responsável do meu declínio. Hoje percebo essa ânsia que ele tinha por te ver chegar e aquela neblina que se formava ao seu redor sempre que pensava em te perder. O meu coração nunca deixou de ser sentimental mesmo depois de cada facada. Depois disso, ele continuava a suspirar por ti, a pertencer-te, e eu percebe-o! Percebo porque numa daquelas noites de Verão em que precisava de ti e da tua presença, tu não estavas. Eu virei-me para a lua, nem sei bem porquê. Talvez porque estava bem encima de mim a olhar para o meu ar desanimado e cansado. Eu não tinha mais ninguém senão ela com a sua luz própria fazendo lembrar aquele coração que mesmo depois de magoado e ferido continuava a bater e a amar alguém. Eu ergui o meu pescoço e deslumbrei a sua beleza, contei-lhe as saudades que tinha tuas, prometi-lhe coisas que hoje ainda cumpro, descrevi-te em muitas palavras. Ela própria se surpreendeu com a quantidade de adjectivos que utilizei. Segredei-lhe todos os meus sonhos e pesadelos e mostrei-lhe a mudança que a minha vida sofreu mal me apaixonei por ti. Nesse momento ela compreendeu a essência que me guiava e me movia. A lua tornou-se num refúgio naquelas alturas em que tu não estavas, fazia-me lembrar de ti e de nós. Eu sabia que onde quer que estivesses, a lua seria a mesma para ambos.
Nessa noite ela garantiu-me que tu estarias bem e eu confiei. Havia uma certa empatia entre nós e talvez tivesse sido isso que a fez iluminar todas as outras noites que se seguiram. Tivesse eu mal ou bem, ela estava a olhar para mim como na primeira noite em que a abordei. Eu pertencia-lhe tal como o meu coração te pertence, ainda hoje. E, por isso, na altura em que tomaste a derradeira decisão e partiste, decidi que já não valia a pena ter algo que já não era meu. Se o meu coração sempre te pertenceu e se tu tinhas ido embora achei lógico entregá-lo a quem mais confiou no nosso amor, a lua. Eu deixei de confiar, deixei de acreditar!
(concurso 2013)
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