Páginas

quarta-feira, 12 de agosto de 2015


 Aos poucos tu voltas a ti mesma. Deixas de pensar e de importar com o que dizem. Começas a encontrar-te: a ti e ao lugar onde pertences. Sentes-te em casa, acomodas-te e vives à tua maneira no lugar que julgas que te pertence. Arrumas as tralhas, sabes o sitio indicado onde colocaste cada uma delas e limpas o teu lugar para construíres aos poucos o teu conforto. É, de facto, a vida que escolheste. A felicidade vai chegando e tu não vais cobrando nada por isso. 
 A vida dá-te motivos para sorrir e tu contribuis. Mas e quando a desarrumação passa a ser um problema? E quando começarem a destruir o cantinho que te pertence? Vais deixar de te sentir segura?  A tua vida vira uma desarrumação, o teu lugar desaparece e não tens forças para lutar por algo melhor. Tudo aquilo que construíste e que julgaste nunca desaparecer é agora uma pedra no teu caminho. Uma pedra que vai crescendo sobre aquela felicidade que pensaste ser eterna. 
 Mas a vida não te abandonou, nunca deixou de estar presente para te fazer sentir viva e alguém com forças para continuar. Quem sabe se as coisas não tinham que ser mesmo assim, inseguras e frágeis, incertas e vagas. Um cenário incerto permite-nos escolher qual o caminho que desejamos pisar, permite-nos começar de novo, voltarmos a construir tudo o que não temos sem termos que escolher o que agora queremos construir. 
Sozinhos ou não somos os donos da nossa obra. Quem sabe para onde vamos? Quem sabe a que novo lugar pertencemos? 
 Um dia acordas disposta a mudar isso, a mudar o que tens e a querer mais da vida. Esse dia chega até mim devagar e sonolento. Vem tímido e ofegante mas eu acredito na sua chegada, na sua presença. 
 Um dia acordo e ele lá estará, pedindo que faça algo valer a pena. Algo que me inclua,  que me traga de novo à vida, ao meu lugar. Longe ou não, esse lugar existe.

Sem comentários:

Enviar um comentário