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quarta-feira, 29 de julho de 2015

 Não acredito no tempo, não nesse tempo que nos prende à vida e que nos faz querer muito uma coisa. Não acredito no tempo que chega até nós cheio de incertezas e esperanças instáveis. Não vejo esse tempo como aquilo que o ser humano precisa para ser feliz, para avançar e recuar no seu trajeto e fazer algo acontecer. 
 Não acredito numa espera eminente, aquela que nos faz parar por tempo indeterminado e que acaba por corroer quem somos. Somos o fruto das nossas escolhas e uma longa espera nunca faz parte do nosso leque de opções. Acreditamos que o nosso dia chega e muda a direção da nossa vida mas não acredito que estejamos dispostos a esperar para sempre. O tempo tanto nos dá como nos tira, como saber o que fazer com ele? 
 Precisamos do agora, das respostas rápidas e certas, dos "estou aqui à tua porta", dos "quero que fiques comigo"... Precisamos desse tempo que passa a voar e descontrola os nossos sentidos. Ativo, fulminante, avassalador, esse é o tempo daqueles que amam e que não deixam nada ao acaso nem à porta da monotonia. É o tempo dos que tanto querem ficar como daqueles que não aguentam mais viver no mesmo lugar. Então vão por aí numa corrida contra o tempo mas sem contar os segundos da próxima desilusão, do próximo devaneio, da próxima crise emocional...
 Acredito num tempo que nos devolve a felicidade em memórias e ações concretizadas por nós. 
 Acredito num tempo moldado à nossa vida que recua e avança mas que não para durante muito. 
 Acredito no tempo que enfraquece os problemas e cultiva novas ideias, novas metas, novos sonhos...
 Acredito no tempo que vai entre um abraço e outro, que nunca separa o que vive para se manter unido, que vai entre um olhar e um sorriso e que morre por não ter o beijo desejado.
 Não acredito nas coisas que vêm de tempos em tempos porque aí o tempo é incerto e inseguro. Esse tempo dói, mantém as feridas abertas por mais tempo, corrói a alma e não apazigua o que nasceu para ser oferecido e partilhado tranquilamente. 
 Acredito nesse tempo que poucos têm e que tarda em chegar, nesse tempo que desejo possuir, nesse tempo que só pertence a quem o vê como lugar de todas as memórias.

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