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domingo, 27 de setembro de 2015
Esperei a chegada da noite como quem deseja cair num sono profundo, como quem vive sonhando.
Adormeci antes disso como sempre acontece. O cansaço percorreu-me o corpo enquanto senti os meus olhos cerrarem-se. Embalei-me, naquele final de dia, e esperei que o silêncio me devolvesse a paz e libertasse cada aresta do meu corpo consumida pelo desânimo. Lembro-me que adormeci já a sonhar. Talvez com um cheiro, um lugar e uma presença. Nada que me intimidasse. Pelo contrário, segurava-me o corpo, prendia-me à vida e sussurrava palavras antes usadas. Encostava a boca ao meu ouvido e lá começava: "Estou aqui". Sentia o aconchego, a respiração acelerada e o ruído de fundo característico de um lugar também antes habitado por mim.
Descansei, finalmente, ainda que sem certezas daquela presença. Quem sabe se não estava à espera apenas dela? Quem sabe o que me trouxe o resto da noite? Não poderá ter sido muito. A noite adormeceu assim como aquele súbito refúgio de realidade.
Esperei a chegada da noite...
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