Lembro-me da tua mão na minha cabeça à espera do meu descanso. Aquele descanso que nunca veio por completo, que nunca me fez apagar tudo o que estava a sentir naquele momento. Então embalei-me na dor que sentia e deixei-me levar. Por momentos, imaginei que não estava ali mas quando me apercebi de que aquilo era real, o meu corpo estremeceu e tudo voltou. Só queria a minha casa, a minha cama, a minha paz improvisada. Só queria ser livre de pensamentos, de promessas, de palavras feitas e ditas à sorte, de medos, devaneios, lágrimas e sofrimento. Tu estavas comigo, como sempre tens estado, mas aquilo permanecia e fazia-me ficar acordada para uma realidade que nunca quis aceitar.
A música recordava-me a verdadeira razão de estar ali, ainda que tão longe e invisível ao olhos de muitos. A penumbra era o meu lugar, sempre foi e, talvez, por isso acho que ninguém conhece o meu verdadeiro valor. Mas a música estava presente como sempre esteve desde aquele dia em que percebi que estava a entrar num caminho que não o meu.
Tinha frio, tinha fome, doía-me cada parte do meu corpo, e sem nenhuma posição confortável, acreditei que aquilo podia realmente estar no fim. Era o meu fim enquanto alguém que sempre sentiu tudo a mil, sempre colocou, injustamente, o coração à frente de tudo e sonhou com um final feliz.
Há pessoas que nascem para lutar sempre e eu sentia-me uma delas. Naquele momento, naquelas horas, desejei pertencer a outro corpo, a outra vida, a outra pessoa. Tudo menos eu. Tudo menos possuir, novamente, toda aquela dor que me matava devagarinho.
Adormeci por breves minutos a pensar nas tuas palavras: "És tão forte, és tão mais forte do que imaginas e eu tenho tanto orgulho em ti. Vai ser difícil, nunca disse o contrário, mas eu vou estar sempre aqui para percorrer esse caminho contigo."
Eras tu, na tua essência mas, por momentos, senti Deus a meu lado. Senti uma força enorme a descer sobre mim e não era o peso do teu corpo enquanto me abraçavas. Era a minha fé a querer o meu descanso, a querer soltar-me daquele choro que me fazia voltar a atrás...
Eras tu a lutar por mim...
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