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sábado, 26 de dezembro de 2015

 Aos poucos vais desaparecendo e não consigo deixar de pensar no quanto a vida é injusta e fria para ti e para aqueles que estão a teu lado e te amam incondicionalmente. Há um vazio que se apodera de mim quando penso na tua fragilidade e na dor que te consome de dia para a dia. É triste quando penso no tempo. Nesse tempo que escasseia diante dos teus olhos, nesse tempo que não te deixa muito mais do que as lembranças de uma vida curta e dolorosa. 
 Falam-me de ti num tom doce e delicado e não consigo esconder a dor que sinto. Desculpa, somos uns fracos. Parece que ao crescermos somos invadidos de todas as fraquezas possíveis e deixamos de conseguir lutar por aquilo que queremos. 
 A força está em ti e de todas as maneiras. Não tenho o direito de me queixar de nada, não tenho o direito de chorar por banalidades que daqui para amanhã deixarão de ter importância, não tenho o direito de crescer ao ver-te perder a pouca vida que conquistaste. 
 A força está em ti e vi isso no primeiro dia em que te conheci quando me ofereceste um sorriso rasgado e feliz, enquanto dançavas animada e falavas como se não houvesse amanhã. Lembro-me da admiração com que fiquei ao ver toda a tua felicidade e vivacidade com apenas dois anos. 
 Hoje carregas isso no corpo e não sei bem o que pensar da vida. Penso em mim, no poder que as minhas atitudes podem ter no meu destino e perco-me. Desculpa se me perco em mim quando lutas pela vida incondicionalmente. Desculpa se desvalorizo o que tenho e com aquilo que vivo. Aos teus olhos somos uns ingratos! 
 Hoje dei por mim a chorar por ti e desculpa se não é isso que queres que aconteça com as pessoas que te querem bem. Estás aí, a vida ainda está em ti e há-de sempre estar. 
 Hoje rezo por ti porque é a única coisa que está ao meu alcance. 

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