Será que somos empurrados uns para os outros ao longo da nossa vida? Será que há algum tipo de coerência e sequência em tudo o que nos acontece? Posso ver a minha vida como um puzzle? Posso montar e desmontar situações, momentos, mudar peças do lugar e começar de novo? Reinventar?
Prefiro acreditar que não. Não sinto que deva mudar alguma coisa a não ser a forma como recomeço todos os dias. Não gosto de mexer no que está feito, no que foi e hoje deixou de ser. Não gosto de me arrepender de tudo o que foi capaz de me fazer feliz, ainda que por meros segundos.
Mas a questão permanece: será que somos empurrados por algo? Será que há algo que nos leva àquele lugar, naquela hora, e faz tudo valer a pena?
Hoje caminho pela rua e as forças falecem a cada passo que dou. Não sei para onde vou (acho que faz parte não se saber o que realmente queremos fazer). Desabafo com a vida ao mesmo tempo que me perco e procuro justificações para estar assim. Começo a condenar-me por cada desvio, por cada fracasso, por deixar que as peças da minha vida se percam sem mais nem menos. Não me imagino em nenhum lugar e isso deixa-me com medo. Imobiliza-me. A saudade entra a uma velocidade avassaladora e sei que me perco mais uma vez. As pessoas desaparecem e sou só eu, neste lugar, a carregar o peso dos meus dias. O peso que só eu construí.
Mas continuo e sei que esta é uma das peças, empurrada ou não por algo. Não posso voltar sem ela, não posso deixar de a viver ainda que magoe e o faça sozinha no peso que os dias fazem questão de transportar.
Tomara deixá-la para trás e transformá-la numa peça dispensável, afinal, ninguém precisa de peças a mais.
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