Procurei-te nos lugares que conheço e não te encontrei. Pensei que pudesses estar nos locais que frequento, no ambiente onde vivo e onde sou feliz à minha humilde maneira. Mas nunca estavas ou nunca te encontrei. Encontrar. Verbo estranho este. Estamos sempre à espera de encontrar algo ou alguém que, aqui ou ali, nos faça feliz e nos segure como uma âncora. Acreditamos que quando isso acontece nos saiu a sorte grande. Uma sorte eterna e única capaz de nos tornar em pessoas normais e realizadas. Uma sorte que nos dá credibilidade e validade porque quem não encontra não é ninguém. Quem não encontra tem de se subjugar à realidade cruel da solidão. Quem não encontra precisa de procurar. É esta a realidade, é isto que ouço do mundo desde que me lembro: "Se não encontraste ainda, continua à procura".
Mas à procura de quê? De rótulos, de um sentimento que acreditamos ser vendido em qualquer loja da cidade? Não é por procurar nem por, surpreendentemente, "encontrar" que é sorte na mesma. Não se trata de ir ao encontro de algo que nem se quer existe. Percebam: não é um jogo, não é geocaching. Nem a sorte está numa cache nem o próprio sentimento pode ser deixado intacto para a outra pessoa que daqui a uns tempos virá à procura.
Nunca foi preciso procurar para que as coisas acontecessem. Simplesmente aparece, resolvemos a situação ou a vida faz o resto. Acredito que ao acaso as coisas constroem-se a teu lado. Se constróis ou se destróis isso é já contigo.
Sem comentários:
Enviar um comentário