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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Levantei-me com a mesma sensação de há uns tempos para cá. A noite foi longa para quem a passou, mais uma vez, a sonhar sem que a cabeça tivesse realmente descansado. Era mais um dia frio, mais um dia chuvoso e eu sem forças para sair da cama. Voltei a perder-me no meio de tudo o que gostaria que fosse a minha vida e fechei os olhos na tentativa de viver a realidade esperada. 
Lá longe estava eu revestida de um abraço forte e quente; desses que salvam qualquer pessoa do abismo e da tristeza; desses que nos recolhem e nos confortam como se nos levasse de novo a casa numa noite de temporal; desses que se dão sem esperar nada em troca a não ser o maior dos sorrisos; desses dos quais sentia muita falta. 
Embalada na maior das confissões, permaneci assim enquanto o meu sono o permitiu. A tristeza dava lugar a uma sensação de proteção e segurança que há muito não fazia parte dos meus dias e uma brisa percorria-me o corpo ao mesmo tempo que tentava encontrar as palavras perfeitas para aquele reencontro. Mas o tempo era escasso, eu sabia disso. À medida que o meu corpo se ia libertando desta terceira dimensão sentia tudo a fugir-me, deixava de sentir os braços que me rodeavam numa leveza incalculável, afastava-me lentamente do lugar onde comecei e, era de novo, a Isa que outrora adormecera naquele que era o seu refúgio.
Muita coisa tinha mudado e o confronto era o mesmo todas as manhãs. Não com ninguém nem com nada mas comigo mesma. E essa era já a maior das batalhas. 

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